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sábado, 7 de janeiro de 2012

Quando a música é deixada de lado


A indústria fonográfica certamente usa e abusa das formas de nos empurrar artistas pré-produzidos. Eles simplesmente fazem uma imagem perfeita, uma música easy listening e em resposta nós fazemos o óbvio: gostamos. Já se tornou hábito dos mais críticos colocar em categorias, artistas e bandas que são assim. No mundo pop, onde há predominância disso, aqueles que não estão alienados, conseguem facilmente perceber que tudo é feito minunciosamente para agradar os requisitos da massa, mas a questão que quero colocar aqui é: até onde isso impede que apreciamos boa música?


Para exemplificar melhor o meu pensamento, uso como exemplo específico a cantora febre do momento Elizabeth Grant. Lizzy como é conhecida, é uma garota qualquer que nasceu em um vilarejo no estado de Nova Yorke. Por quaisquer que sejam seus motivos, resolveu que queria ser cantora. Até aqui, narrei a história de milhares de garotas no mundo inteiro, nada de anormal.


Lizzy Grant precisava de um nome, então juntou o nome de uma velha atriz de Hollywood, Lana Turner com o automóvel Ford Del Rey. Lizzy virou Lana Del Rey. O nome mudou, e sua imagem também. Para incorporar o nome retrô que tinha adotado como pseudônimo para sua carreira, Lizzy mudou drasticamente su aparência. Cuidou impecavelmente de seu cabelo, seus lábios sem graças, deram lugar a volumosos lábios salientes... 


A transformação havia sido feita. Pouco a pouco, músicas dessa artista misteriosa estavam aparecendo, como essas que estão no post. Ascensão imediata. Milhares de pessoas cairam em suas graças. As letras bem elaboradas falando de amor, o clipe com uma pegada retrô bem forte, e o visual da moça meio oitentista parecia a fórmula perfeita para o sucesso. 


Várias músicas pelas redes e pouquissimas informações. Nenhuma entrevista, nenhuma apresentação, o mistério era excitante. Ver aquela mulher, que mal sabíamos o seu nome, com aquela aparência, clipes gostosos de se ver, e melodias suaves... Oh! Era o céu. 

O mistério foi sendo quebrado. Algumas apresentações, uma ou duas entrevistas, descobrimos como era sua voz quando não estava fazendo esforços vocais para emitir sons divinos em suas músicas. Com o sucesso grandioso as críticas começaram a efervescer, inúmeros blogs dizendo que toda a trajetória da pequena Lizzy fora manipulada por seus advogados, agentes e empresários... pobre Lana. 


Era tudo minunciosamente especulado, até a maneira como ela falava nas entrevistas, os blogs tacharam ela como FAKE, produto de gravadora para se obter sucesso comercial. A aparência vintage, o botox, o apelo sensual sútil, o clima retrô nos clipes, a suavidade que conquista a todos... estavam céticos, não queriam acreditar em outra coisa. Mas ainda sim, a ouviam.

Aqui, eu chego no ponto primordial da discussão. Estipulou-se uma ideia de arte que é aceitável apenas se for imanente, vier sem pretensões e ser pura. O conceito de "puro" exclui qualquer e toda arte comercial, "o que é feito para vender não nos agrada, já é predestinado, o que temos que fazer é nossa obrigação: gostar e comprar", pensamentos adornianos, uma sociedade de cultura elitista.


Por mais que as queixas tenham um minimo de sentido, creio que a arte não deve ser totalmente desconsiderada pelo caminho que toma. É um detalhe, basta ter mente aberta, e isolar os fatores. A música da Elizabeth Grant/Lizzy Grant/Lana Del Rey, é excepcional, sua aparência mais ainda, isso é fato. O caminho que ela percorreu até esse ponto é importante, mas não primordial. 

Deixo aqui meu desabafo.
Cheers.

1 comentários:

Concordo. Acho uma bobeira as pessoas acharem artistas ruins porque "são pretensiosos". Pô, não existe ninguém que comece uma carreira sem pretensão!

E tudo bem que ela é rica, que ela anuncia o álbum dela que nem louca, que ela tem uma imagem impecável e fez cirurgias plásticas. Isso não importa! O que importa é a música que ela faz, e que no caso é boa pra caramba, além de ser talentosa (tirando as apresentações aos grandes públicos quando ela fica nervosa demais, rs) Esses julgamentos pela aparência só comprovam ainda mais o quanto a sociedade é hipócrita.

Muita gente fica de frescura querendo criticar tudo o que parece comercial, e acaba fazendo críticas cegas.

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